Embora seja um conceito básico da gestão empresarial, os últimos anos reforçaram que o planeamento estratégico é uma ferramenta indispensável para os negócios que querem prosperar num mercado capaz de mudar da noite para o dia.
Seja qual for o tamanho ou setor de atuação da empresa, planear o futuro, estabelecer objetivos e indicadores, é fundamental.
Mas, por mais que isso já esteja claro para a maioria das empresas, colocar este conceito em prática continua a ser um desafio de muitos gestores.
Se este é o seu caso, fique tranquilo: vamos apresentar todas as informações que precisa para planear estrategicamente os próximos passos da sua organização ou área.
Boa leitura.
O que é planeamento estratégico?
No livro “The Will to Manage”, Marvin Bower (teórico de negócios e consultor de gestão norte-americano) foi cirúrgico ao definir o que é planeamento estratégico.
Segundo o autor, este é um conceito totalmente relacionado ao ajuste da organização ao ambiente, que permite resolver os problemas básicos, contornar limitações, capitalizar vantagens e aproveitar as principais oportunidades.
Em outras palavras, o planeamento estratégico funciona como uma espécie de roteiro que indica quais os esforços são necessários para que a empresa chegue aonde espera num determinado período.
É isto, aliás, que faz dele uma ferramenta de gestão tão importante para o sucesso dos negócios.
Tipos de planeamento estratégico
Achar que todo planeamento estratégico é igual é um pensamento ainda comum. Por isso, queremos desde já esclarecer que, na verdade, este conceito divide-se em três tipos principais:
1. Planeamento operacional
Está relacionado às atividades mais rotineiras da organização, ou seja, aquelas que precisam acontecer no dia a dia.
No geral, o planeamento operacional inclui todos os colaboradores da empresa e indica como as atividades devem ser conduzidas por eles de forma eficiente.
Foca, portanto, na definição de objetivos e resultados bem específicos – que devem ser alcançados no curto prazo.
2. Planeamento tático
O planeamento tático, por sua vez, foca no médio prazo e traz definições detalhadas sobre as ações que cada área ou unidade de negócio da empresa deve realizar.
É mais voltado para os colaboradores de média gestão, como os gestores dos departamentos, e suporta os planos estratégicos de alto nível – sobre o qual falaremos na sequência.
3. Planeamento estratégico
Por fim, temos o planeamento que é encabeçado pela alta administração da empresa e funciona como o principal norteador das ações organizacionais de longo prazo.
Geralmente, começa com a definição da missão, valores e visão da empresa. Mas mira também em objetivos que levam mais tempo para serem alcançados, como a entrada em outro segmento ou o desenvolvimento de um novo produto.
Benefícios do planeamento estratégico
Como viu, o planeamento estratégico aplica-se a todos os níveis da empresa. Não por acaso, ele é a chave para o aumento da produtividade e melhora dos resultados organizacionais de uma forma geral.
Conheça, a seguir, os benefícios práticos que o uso desta ferramenta de gestão é capaz de proporcionar:
- Contribui com a definição da filosofia da organização;
- Traz uma visão clara sobre onde a empresa está e onde deseja chegar;
- Favorece a identificação de oportunidades no mercado;
- Permite que as decisões sejam tomadas de forma mais ágil e assertiva;
- Auxilia na priorização de tarefas, deixando claro onde cada colaborador deve colocar os seus esforços;
- Ajuda a mapear possíveis riscos que o negócio corre, a permitir a criação de planos de ações preventivos;
- Contribui com a qualidade das entregas, o que tende a resultar na economia de tempo e dinheiro;
- Aumenta a competitividade e posicionamento da organização no mercado, o que impacta diretamente na atração e fidelização de clientes.
Há muitos motivos pelos quais as empresas devem dedicar tempo na construção de um bom planeamento estratégico.
Agora que este ponto está claro, já podemos conversar sobre como isto deve ser feito.
Os 8 Cs do planeamento estratégico
Antes de apresentarmos o passo a passo do planeamento estratégico, há algo que ainda precisa saber: há oito valores considerados essenciais para o sucesso desta ferramenta.
São estes:
- Conhecimento: todas as pessoas envolvidas devem saber a importância do planeamento estratégico, a incluir os métodos e ferramentas adotados ao longo dele;
- Confiança: refere-se à crença no potencial da equipa e no poder de transformação que o planeamento estratégico proporciona;
- Controlo: acompanhar sistematicamente o andamento dos planos é uma das premissas mais importantes da jornada;
- Colaboração: envolve o esforço empregado para ajudar os colaboradores a entenderem a importância do plano e a superarem qualquer adversidade que surja no cumprimento dele;
- Coragem: é necessária para que a cultura do planeamento estratégico realmente seja inserida na organização;
- Competência: colocar os planos de ação em prática com qualidade, dentro do prazo estabelecido, demanda o desenvolvimento desta característica;
- Comunicação: faz-se presente em todo o processo. Afinal, comunicar as estratégias é essencial para que os envolvidos mantenham-se atualizados sobre a evolução delas;
- Compromisso: por fim, o engajamento com os propósitos estabelecidos no planeamento estratégico é um elemento-chave para que tudo se cumpra conforme o esperado.
7 passos para colocar em prática
Agora sim, chegamos ao momento mais aguardado do artigo: entender melhor por onde começar o seu planeamento estratégico e como ele pode guiar a sua empresa ao tão sonhado sucesso.
Na sequência, separamos sete etapas que não podem ficar de fora. Acompanhe!
1. Declaração de valores, missão e visão
Primeiro, vamos explicar o que são cada um desses itens, ok? Por mais que muitos já saibam, nunca é demais relembrar.
- Missão: a razão que justifica a existência da sua corporação;
- Visão: onde a empresa quer chegar a curto, médio e longo prazo;
- Valores: são os princípios inegociáveis dos quais a sua empresa não abre mão.
Estes três elementos, juntos, compõem a identidade organizacional da sua empresa. Portanto, não há para onde correr: é a partir da definição deles que o planeamento estratégico deve começar.
Construir uma identidade organizacional sólida e que realmente faça sentido ajudará a disseminar esta cultura entre todos os colaboradores. Além disso, ela possui um forte poder na decisão de compra dos consumidores.
E para ser bem sucedido nesta frente, aponte duas dicas que farão a diferença:
- Mergulhe fundo no seu negócio para entender os interesses da sua empresa e os padrões comportamentais do seu consumidor;
- Pesquise sobre Design Thinking! Este é um método que pode ajudar-te bastante, já que permite entender melhor qual é o contexto da empresa, analisá-lo, gerar ideias e testá-las.
2. Análise do ambiente externo
Para que o seu planeamento estratégico funcione e faça sentido, precisa estar alinhado ao que está a acontecer ao seu redor, quais são os movimentos do mercado e dos consumidores.
Desta forma, é preciso fazer uma análise constante das oportunidades e ameaças que permeiam o seu negócio.
Todas as empresas são impactadas de forma constante por duas forças:
- Oportunidades de forma positiva;
- Ameaças de forma negativa.
Qual a melhor forma de aproveitar as oportunidades e afastar as ameaças do ambiente externo? A resposta está no próximo item. Confira!
3. Análise do ambiente interno
Lembra que falamos da sua identidade organizacional e sobre como ela precisava ser sólida? Eis o por que: é ela que será a base para um ambiente interno capaz de resistir às fraquezas da sua empresa.
A força da sua organização está diretamente ligada ao ambiente interno. Ela representa os seus pontos fortes e como lida com os impactos. Uma dica? Adaptabilidade, flexibilidade, resiliência e agilidade.
E para onde estes fatores vão levar-nos? Velocidade no aprendizado e na tomada de decisão. Para sobreviver, é preciso desenvolver a habilidade de adaptar-se rápida e eficientemente a todas as formas de mudanças.
4. Análise da situação atual
Agora que já entendeu como estão os ambientes externo e interno, é hora de entender a situação atual da sua empresa, com os seus recursos e dificuldades.
Veja: aqui existe uma diferença importante entre o ambiente e a situação atual. O ambiente externo é composto pelas forças e fraquezas. E estas não necessariamente têm a ver com a situação atual.
A situação atual muda de acordo com uma série de variáveis. E são estas variáveis que vai avaliar através dos dados. Sim, porque eles não mentem.
É neste momento, também, que são estabelecidos os famosos KPIs (ou indicadores de desempenho).
A reunir dados e KPIs, terá um cenário dos resultados da sua empresa. Eles são os indicadores centrais de que as suas ações estão a sendo bem (ou mal) sucedidas.
5. Definição de objetivos
É nesta etapa que definirá aonde a sua empresa quer chegar. É claro que o céu é o limite, mas vamos por partes, ok?
Definir objetivos reais e alcançáveis é fundamental para não frustrar expectativas.
Para isto, pense em seguir o padrão SMART. Ele aponta que todas os objetivos devem ser:
- S (Específica);
- M (Mensurável);
- A (Atribuível);
- R (Realista);
- T (Temporal).
Neste ponto, temos que destacar algo muito importante sobre planeamentos estratégicos: eles fazem parte de um processo infinito. Cada planeamento é único e faz parte de um ciclo de objetivos.
Atingiu o objetivo? O planeamento é zerado e é a hora de reiniciar o ciclo. Sim, é preciso refazer todo o processo para criar novos objetivos e planos de negócio para o período subsequente.
6. Definição da estratégia
O trajeto está traçado, agora é hora de definir a estratégia para alcançar os objetivos. Lembre-se: sem uma estratégia bem definida e possível de ser seguida, não se chega muito longe.
Mas pode estar a questionar-se: como vou saber se defini uma boa estratégia? Calma! O especialista em gestão, Michael Porter, vai ajudar. Segundo ele, existem três estratégias básicas que podem ser seguidas:
- Diferenciação: para que o seu negócio destaque-se entre os concorrentes, ele precisa ter um diferencial claro. Isto significa que os seus produtos ou serviços devem ser exclusivos, de qualidade única e incomparável.
- Liderança de Baixo Custo: aqui a regra é simples: ganhar o mercado oferecendo preço mais baixo que os seus concorrentes.
- Foco: a ideia é conquistar um segmento específico do mercado. Como? Atendendo demandas que ainda não foram plenamente realizadas..
Veja: uma boa estratégia pode ser o diferencial competitivo da sua empresa. Porém, é importante lembrar-se de estabelecê-la levando em consideração a sua identidade organizacional e o público-alvo.
Caso contrário, dificilmente funcionará por muito tempo.
7. Feedback e controlo
Pense: do que adianta passar por todas as etapas acima, fazer um planeamento estratégico de dar inveja e não monitorizar o que está a ser colocado em prática?
Para saber se tudo está a evoluir corretamente conforme planeado é preciso fazer feedbacks e controlos constantemente.
É isso que vai possibilitar a melhoria contínua e o alcance de resultados ainda mais expressivos, que geram cada vez mais valor para o seu negócio.
Principais erros cometidos no planeamento estratégico
Mais do que saber o que fazer, é importante que também entenda quais são as ações capazes de comprometer o sucesso do seu planeamento estratégico.
Por isso, antes de finalizar, gostaríamos de destacar alguns pontos de atenção para manter no radar.
Entre os erros cometidos com mais frequência pelas empresas na hora de colocar este conceito em prática, destacam-se:
- Não realizar a análise SWOT durante a definição dos objetivos;
- Deixar os colaboradores da equipa de fora da construção do planeamento estratégico;
- Deixar algum objetivo sem um plano de ação específico sobre como alcançá-los;
- Subestimar o poder do cronograma. Além de ter objetivos claros, é importante estabelecer qual é a função de cada colaborador e os prazos de execução;
- Não monitorizar o cumprimento dos objetivos. Como dissemos antes, esta é uma etapa crucial para o sucesso do planeamento.
Esperamos que as informações cá apresentadas te ajudem a tirar o planeamento estratégico da sua empresa do papel e a alcançar os resultados ainda mais exponenciais.
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