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Prototipagem: o guia definitivo para colocar as suas ideias na rua

Prototipar é concretizar uma ideia, a passagem do abstrato para o físico de forma a representar a realidade – mesmo que simplificada – e proporcionar validações.


Prototipar é concretizar uma ideia, a passagem do abstrato para o físico de forma a representar a realidade – mesmo que simplificada – e proporcionar validações.

Prototipagem é a arte de transformar ideias em realidade. É todo e qualquer objeto físico ou virtual que simula uma interação para validar uma ideia.

Atualmente, metodologias como Design Thinking, Lean Startup e Ágil são conhecidas por incentivar uma mentalidade “mão na massa” e a realização de ciclos de testes frequentes.

Neste artigo, vai perceber os benefícios de prototipar as suas ideias, aprender a fazê-lo de forma simples e barata, além de conhecer os tipos de protótipos e os melhores contextos de utilização.

A prototipagem é a quarta e última fase do processo de Design Thinking e tem como função validar as ideias geradas na fase anterior, a Ideação. É o momento de unificar propostas, refinar os conceitos e colocar a mão na massa.

O trabalho na fase de Prototipagem consiste na produção de uma versão inicial reduzida e de baixo custo de um produto, através dos chamados protótipos. O seu objetivo é revelar problemas de design, usabilidade ou adequação.

Imersão: aproximação do problema. Quando a equipa procura aprofundar-se nas implicações do desafio, a estudar tanto o ponto de vista da empresa quanto do utilizador.

Análise: resumo das informações levantadas para a geração de insights, que vão ser organizados para a criação de padrões, possibilitando a perceção do problema na sua essência.

Ideação: brainstorming, quando as ideias são apresentadas, sem qualquer julgamento. É o momento de pensar “fora da caixa” efetivamente, propondo soluções para o problema.

Prototipagem: validação das ideias geradas. É o momento de aparar as arestas, ver o que se enquadra no projeto, juntar propostas e colocar a mão na massa. Também é um instrumento de aprendizagem sob dois aspetos: olhar da equipa do projeto e o ponto de vista do utilizador/cliente.

Apesar de ser apresentada como fase final, a prototipagem pode acontecer paralelamente às outras fases ao longo do projeto. Assim que as ideias forem surgindo, elas podem ser testadas, validadas e implementadas antes do fim do projeto.

Leia mais: Design Thinking – Inovação em Negócios

O que é a prototipagem de ideias?

A prototipagem de ideias é um momento essencial no processo de desenvolvimento de produtos. Para compreendermos melhor, devemos partir do conceito de protótipo.

Um protótipo é uma representação simplificada, física, digital ou encenada, de como seria um produto, serviço, interface e/ou experiência. Pode ser qualquer coisa tangível que nos permita explorar, avaliar e impulsionar uma ideia de negócio. 

Pense num projeto de desenvolvimento de uma aplicação. Um protótipo de software é um modelo executável do sistema de software proposto, mas produzido com muito menos esforço e com uma, facilmente modificável e extensível. 

Nesse exemplo, o protótipo não precisa de ter todos os recursos do sistema finalizado, é apenas um sketch ou um mock-up da solução final. Ainda assim, deve permitir que o utilizador teste todos os recursos importantes da implementação real.

Por que é importante prototipar?

Os protótipos auxiliam na redução das incertezas que permeiam o design de uma solução de negócios. Uma solução rápida para abandonar alternativas que não são bem recebidas pelo utilizador, sem que seja feito um grande investimento. 

Durante a prototipagem, são criados modelos de teste para verificar se o comportamento dos utilizadores durante a interação com o protótipo foi o esperado. Assim, é possível medir se o diferencial teórico supre as necessidades de quem vai utilizar. 

A depender dos resultados da análise de eficiência dessas propostas, o ciclo de testes pode repetir-se quantas vezes forem necessárias até que uma solução viável económica e tecnologicamente seja identificada.

Estes testes podem acontecer em contextos variados, desde sítios controlados, como num laboratório de usabilidade, até sessões com utilizadores finais e potenciais consumidores. 

Para um resultado produtivo, os protótipos devem ter um problema de teste central que não se deve perder de vista. Ao mesmo tempo, é preciso incentivar a equipa a manter uma visão ampla para poder perceber outras lições durante o processo.

Vantagens da cultura de prototipação 

  • Reduz o time-to-market de soluções;
  • Permite que a solução chegue ao mercado validada por potenciais consumidores, reduzindo os custos de posteriores ajustes;
  • Incentiva a equipa a concretizar conceitos, auxiliando na defesa de uma ideia de negócio para solicitações superiores.

Errar rápido para acertar rápido

A prototipagem tem tudo a ver com velocidade, afinal quanto mais tempo as pessoas gastam para construir um protótipo, mais ligadas à ideia elas tendem a ficar. O problema é que isso dificulta a capacidade de julgar objetivamente as suas conquistas..

Metodologias como o Lean e o Ágil defendem ciclos de melhorias contínuas e avaliações de feedback constantes, como uma forma de dar a volta a esta questão e transformar a prototipagem num exercício de agilidade.

É neste ponto que entra a máxima “Errar rápido para acertar rápido”. 

O significado disso é: se a sua solução tiver que falhar, que seja rápido e barato, para que  menos tempo e dinheiro sejam investidos numa ideia superada ou pouco eficiente. 

No Design Thinking, o conceito é especialmente utilizado para incentivar equipas de inovação a tirarem as suas ideias do papel, a usar a prototipagem e a validação para dar a volta a incertezas sobre a sua efetividade.

A criar o seu protótipo

Como já se viu, a criação dos protótipos físicos é muito útil para tirar ideias do âmbito concetual e transformar teses em experiências concretas. Há alguns modelos simples e eficazes para isso, que variam em relação à finalidade e à contextualidade.

É importante frisar que mesmo os protótipos mais básicos, em termos de fidelidade e contexto, são eficazes na identificação de atritos na usabilidade e oportunidades de melhoria. Através deles, é  possível prever erros, eliminar funcionalidades pouco aderentes e reduzir o risco de investimento em novas ideias de negócio.

Saiba mais sobre finalidade e contextualidade a seguir.

Variação de finalidade

A finalidade de um protótipo corresponde ao seu nível de semelhança com o produto final. Pode ser dividido em baixa, média ou alta fidelidade.

Em resumo:

  • Alta fidelidade – no design, um protótipo de alta fidelidade é um mock-up em tamanho ou escala real de um produto ou dispositivo, com o maior grau de semelhança possível com a realidade.
  • Média fidelidade – um protótipo de média fidelidade corresponde à uma representação parcial e um pouco mais específica de uma ideia, em que apenas aspetos estratégicos são representados para otimizar custos e/ou tempo.
  • Baixa fidelidade – representação concetual da idéia – esboço ou rascunho – para exemplificar aspetos, como tamanho, formato e outras características superficiais.

É importante  prestar atenção à variação de fidelidade. Quanto menos fiel for o protótipo, mais simples e barato será a construção dele. Nesse caso, recomenda-se um modelo de baixa fidelidade, para transpor as ideias para o ambiente físico.

Já os protótipos de alta fidelidade são utilizados para testar detalhes ou aspetos específicos de design instrucional. São indicados para apresentações para clientes externos ou para vender uma ideia de negócio à diretoria da empresa.

Variação de contextualidade

A variação de contextualidade refere-se ao ambiente de testes e aos próprios testers. Os testes de protótipo podem envolver ou não utilizadores finais. Também podem ser realizados num laboratório ou no ambiente onde o produto ou serviço será utilizado.

As diferentes combinações desses elementos representam os níveis de contextualidade da prototipagem. São eles: parcial, total, geral e restrita. Confira as diferenças:

  • Parcial – utilizador final ou ambiente final.
  • Total –  utilizador final e ambiente final.
  • Geral – qualquer utilizador e qualquer ambiente.
  • Restrita – em ambiente controlado.

Tipos de prototipagem

Papel

Como o próprio nome diz, protótipos em papel são representações de interfaces gráficas com diferentes níveis de fidelidade, seja através de wireframes desenhados à mão ou até embalagens com detalhes finais de texto e cores.

Os protótipos de papel são muito utilizados para representar resumidamente, por exemplo, ecrãs de uma aplicação. Além disso, podem ser utilizados para:

  • Avaliar o fluxo de informações e a navegação de um sistema.
  • Explorar possibilidades de comunicação de um produto.
  • Concretizar o conceito de uma ideia aos utilizadores, equipa ou superiores.

Um protótipo em papel pode começar de forma simples e ganhar complexidade de acordo com o feedback gerado pelas interações com os utilizadores ou com a equipa de projeto/produto. 

Como o resultado final será em papel, pode ser executado à mão (rascunho) ou com o auxílio de um computador, a fim de avaliar detalhes de uma interface, produto ou comunicar serviços.

Modelo de volume

Os modelos de volume são os protótipos com aparência mais próxima ao produto final. Podem apresentar detalhes e texturas – mas ainda não são funcionais. Esses modelos permitem uma visão tridimensional de um conceito e posterior refinamento.

A conceção de um modelo de volume varia de acordo com o nível de fidelidade, como qualquer outro, mas é possível construir um protótipo de volume de fidelidade relativamente alta com materiais simples.

Atualmente, com o aparecimento das impressoras 3D, é mais fácil construir bons protótipos com matéria-prima mais elaborada para simular o acabamento do produto que será fabricado.

Encenação

A encenação é uma simulação improvisada para representar as possíveis ações de utilizadores com um produto, serviço ou interface. Pode ser feita através da interação de uma pessoa com uma máquina ou por diálogos que encenem a jornada do utilizador.

É muito utilizada quando desejamos exemplificar uma situação de uso de um produto, medir se a experiência do utilizador é fluida ou até testar as suas reações durante a interação.

A ferramenta ajuda a identificar pontos de atritos e lacunas durante o processo – e então repensar esses aspetos. Também é bastante comum a utilização de protótipos em papel e/ou modelos de volume para deixar a cena mais parecida com a realidade.

Para participar da encenação, são necessários pelo menos 2 pessoas. É atribuído um papel a cada um dos “atores”, que pode ser o de um rececionista ou de um cliente insatisfeito.

Não há muitas restrições para a cena, que também pode ser feita em grupo. Recomenda-se apenas que os participantes possam agir da forma mais natural possível.

Outros tipos de prototipagem

Há alguns tipos de abordagens de prototipagem usadas em contextos mais específicos, por exemplo, ambientes digitais ou processos. Entre eles, destacam-se:

Protótipo de serviços

É a simulação de artefatos materiais, ambientes ou relações interpessoais, que representem um ou mais aspetos de um serviço. 

O objetivo é que o utilizador simule a funcionalidade da solução proposta. Ideal para validar, por exemplo, a predisposição dos utilizadores em carregar nos botões de uma landing page.

Storyboard

O storyboard é uma representação visual de uma história através de quadros estáticos, geralmente compostos por desenhos, colagens ou fotografias. 

O seu objetivo é facilitar a visualização através da sucessão de acontecimentos de um processo.

Esse tipo de protótipo é muito utilizado no audiovisual e é semelhante a uma banda desenhada. É indicado para eventos que acontecem numa ordem cronológica, como um passo a passo.

Design Thinking + Ágil: a implementar as ideias

Neste momento, deve estar a questionar-se sobre formas de promover uma prototipagem rápida do fluxo de ideias e acelerar a finalização do produto. 

Uma das respostas é a união do Design Thinking com o método Ágil.

O Desenvolvimento Ágil nada mais é do que uma metodologia para promover eficiência ao  processo criativo. Ele proporciona flexibilidade e aplica um nível de objetividade para a entrega do produto finalizado. 

O objetivo é construir em cima de pequenas peças aprovadas pelo cliente no decorrer do projeto em vez de entregar uma grande aplicação no final. 

Resumidamente, a ideia geral é potenciar a criação de valor, diminuindo a ênfase na especificação para garantir agilidade e frequência nas entregas.

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