A gamificação é a utilização das mecânicas do jogo, de uma forma lúdica, em diferentes contextos com o objetivo de aumentar a participação e gerar envolvimento, interesse e compromisso por parte de potenciais utilizadores.
1. O que é a gamificação?
A gamificação é a utilização dos mecanismos de jogo para resolver problemas práticos ou fomentar o interesse e envolvimento de um público específico, inseridos em cenários de jogo não relacionados com a indústria do entretenimento. Os jogos representam uma visão moderna da aplicação das novas tecnologias e metodologias a um ambiente empresarial, de forma a apoiar o desenvolvimento dos objetivos empresariais.
Muitos tipos de jogos incluem, nas suas mecânicas de jogo, elementos como pontos, prémios, tabelas de classificação, regras e outros tipos de incentivos que tornam a dinâmica da gamificação cativante. Desta forma, a metodologia assenta na predisposição natural do ser humano para interagir mais profundamente com atividades enquadradas numa construção de jogo.
Desta forma, a utilização de jogos como parte do framework das empresas insere uma componente social nas operações responsáveis por atingir níveis de envolvimento ou interesse mais elevados e significativos. Atualmente, diversas áreas do conhecimento têm beneficiado da implementação de um conjunto de práticas gamificadas. Entre os maiores adeptos da Gamificação destacam-se os campos da saúde, educação, política pública e desporto.
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2. Gamificação: porque é importante para a sua empresa?
Antes da era da Transformação Digital, a estrutura operacional das empresas ainda era a mesma do século XIX, baseada em hierarquias verticais, documentação burocrática e na especialização do trabalho para alcançar o epítome da eficiência nos resultados. Este modelo exige funções e responsabilidades bem definidos, processos exatos e uma gestão baseada em controlo.
De facto, estes métodos tradicionais trouxeram segurança e bons resultados. Contudo, a intensa e consistente variação dos mercados voláteis alterou a organização das empresas. Hoje em dia, as empresas precisam não só de ser capazes de mudar mas também de se adaptar rapidamente de forma a responder às exigências do mercado.
Estas mudanças drásticas nos modelos de negócio das empresas têm um impacto direto nos colaboradores e na sua produtividade. E para reduzir os impactos nas pessoas – os motores que fazem a mudança acontecer – a gamificação pode ser uma grande aliada.
A evolução e sofisticação dos métodos tecnológicos e das estratégias empresariais criaram a possibilidade de organizar o trabalho de forma diferente – através de um aspeto social. Agora, a adoção de técnicas inovadoras revela-se eficaz para despertar a atenção e o empenho das equipas. E os jogos, como um instrumento, são a plataforma que melhor se adapta a esta nova ordem.
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3. Porquê investir na Gamificação?
As experiências de implementação da Gamificação em vários contextos empresariais contribuem a visão de que a concorrência é uma atividade intrínseca do comportamento humano. Num jogo, quando as regras e os objetivos são claros, o resultado observado é quase sempre o dos jogadores empenhados em encontrar soluções inovadoras para os desafios.
Aparentemente, não jogamos porque queremos, mas porque precisamos de o fazer. E este mesmo comportamento, ao ser replicado no ambiente empresarial, tem a capacidade de revolucionar a forma como se pensa e executa as próprias atividades profissionais.
Uma das principais utilizações da gamificação num contexto empresarial relaciona-se com a fidelização do cliente, utilizando alguma plataforma cujas mecânicas de jogo oferecem recompensas, presentes ou moedas virtuais para cada objetivo alcançado. Isto faz com que o cliente seja constantemente estimulado a interagir com esse ambiente.
4. Como funciona a Gamificação nas empresas?
A gamificação, através do seu poder de comunicar objetivos e dar feedback em tempo real, é uma excelente ferramenta para aumentar a perceção da capacidade dos profissionais. É muito utilizada no contexto da Gestão da Mudança e permite uma modificação estrutural mais suave, fazendo com que os desafios da transição e as tarefas diárias, se tornem mais simples e divertidos.
Vale a pena salientar que a Gamificação não é apenas um jogo. Enquanto os jogos são utilizados apenas para diversão, a Gamificação utiliza técnicas específicas para uma compreensão mais ampla dos processos operacionais internos, permitindo novos conhecimentos e um aumento dos desempenhos individuais e coletivos.
A gamificação não é apenas representada num quadro de pontuação. Ela envolve algo muito maior e conceitual: o pensamento. As mecânicas do jogo incentivam os colaboradores a procurarem conhecimentos que melhorem as suas técnicas e os ajudem a alcançar os objetivos e a vencer as competições estabelecidas como objetivos.
Atualmente, as empresas são invariavelmente geridas pela relação simbiótica entre as constantes oscilações do mercado e a consequente necessidade de adaptação para as ultrapassar.
O lado mais visível desta batalha é conhecer a cultura organizacional. É possível afirmar que os processos estruturados ao longo do tempo acabam por ser confundidos com a história da empresa e refletem os costumes das pessoas que a ajudaram a corrigir. Portanto, é natural encontrar resistências ocasionais à mudança sempre que a volatilidade do mercado exige novas direções.
Para se manterem rentáveis e ultrapassarem os erros comuns, as empresas precisam frequentemente de desafiar paradigmas essenciais ao seu bom funcionamento. Estes paradigmas têm o poder de redefinir não só o ritmo das operações diárias, mas também as direções a serem seguidas nos anos futuros.
Considerando um cenário altamente competitivo, proveniente do aumento do nível de consciência dos consumidores relativamente aos seus desejos, torna-se inimaginável sustentar uma estratégia empresarial que não esteja alinhada com a procura constante da inovação. É neste contexto que entra a Gamificação.
Todos os dias, os antigos gigantes do mercado testemunham o crescimento de colaboradores que pertencem à Geração Y (pessoas nascidas entre os anos 80 e 90) nas suas classificações. Quando confrontados com factos, parece evidente que existe também uma crescente necessidade de mudar a administração dentro das empresas – ou pelo menos considerar essa possibilidade.
No contexto sugerido, a inclusão da gamificação e das suas mecânicas de jogo nas relações profissionais surge como uma forma eficaz de criar envolvimento e interesse, estimular a cooperação entre funcionários e aliviar possíveis desconfortos.
De acordo com informações divulgadas pelo Grupo Gartner, 70% das maiores empresas do mundo utilizam a Gamificação para desenvolver competências. Em números gerais, o investimento atual das empresas na metodologia é de quase 6 mil milhões de reais. A metodologia incentiva mudanças de comportamento individuais e organizacionais através de jogos (tabuleiro, aplicações e realidade aumentada).
Neste cenário, a adoção dos chamados Jogos Sérios tornou-se cada vez mais generalizada nas empresas, como uma alternativa à formação por outras empresas.
Os Serious Games são jogos eletrónicos que têm como principal objetivo a formação de funcionários – desde vendedores de lojas a médicos – através de um ambiente virtual. A intenção é que o ecossistema digital simule, de uma forma lúdica, uma atividade real.
Aqueles que são mais distraídos, podem pensar que isto é uma piada. No entanto, a investigação indica que os colaboradores que têm formação gamificada, com elementos lúdicos, retêm 20% mais conhecimentos. Além disso, o fator diversão faz com que os profissionais prefiram aprender através da Gamificação.
Muitas das tarefas realizadas diariamente nas empresas refletem costumes adquiridos pelos seus funcionários ao longo dos anos e as rotinas processuais tornam-se hábitos. Contudo, num cenário de constante mudança, manter os colaboradores empenhados e motivados é fundamental para manter a produtividade.
A implementação da Gamificação nas empresas acaba também por ser uma mais-valia no que diz respeito ao aumento da produtividade das equipas. Através das mecânicas do jogo, tarefas aborrecidas, muitas vezes indispensáveis ao bom funcionamento do negócio, ganham uma nova dinâmica – mais divertida e fluida.
O envolvimento está diretamente relacionado com o aumento da produtividade e das receitas. De acordo com Gartner, as empresas que implementam a gamificação demonstram uma melhoria média de 20% no envolvimento dos funcionários nos processos produtivos, bem como um crescimento de até 250% nas receitas em comparação com os concorrentes que ainda não utilizam esta estratégia.
O envolvimento e interesse dos colaboradores é o tipo de desafio que os CEOs de qualquer empresa têm de enfrentar, geralmente na altura da expansão do negócio. Disponibilizar formação, melhorar a gestão de processos, concentrar esforços na contratação de talentos e aperfeiçoar programas de desenvolvimento de liderança são algumas das atividades que merecem a atenção dos executivos. Com o mercado em constante evolução, e absorvendo cada vez mais recursos tecnológicos, a inovação através da gamificação pode ser uma boa estratégia para manter os funcionários estimulados.
Os métodos tradicionais podem proporcionar segurança e bons resultados, mas quando uma empresa adota técnicas inovadoras, desperta a atenção e o empenho da equipa.
Recentemente, uma grande marca retalhista decidiu mudar os sistemas de todo o ecossistema das lojas. A mudança representaria um impacto na rotina de cerca de nove mil colaboradores. Apesar de ser considerado um movimento de alto risco, a empresa optou por uma solução gamificada para substituir a formação tradicional.
Realizar a gestão da mudança no ambiente empresarial é uma tarefa desafiante. É essencial pensar de forma a conciliar o envolvimento e interesse da equipa, a vantagem competitiva da empresa e a fidelização do cliente. Neste contexto, a gamificação surge como uma metodologia simples e inovadora para ajudar a conduzir os processos e a reduzir os impactos negativos das mudanças organizacionais.
A aplicação das mecânicas do jogo no mundo empresarial é uma forma atrativa de envolver profissionais com perfis diferentes nas atividades da empresa e reduzir a resistência à mudança. E a familiaridade dos colaboradores com os jogos torna a implementação dos seus conceitos na estratégia da empresa uma tarefa ainda mais tangível.
A aplicação da Gamificação também se revela eficaz, por exemplo, no contexto das vendas. Os departamentos de vendas das empresas precisam de ser competitivos por natureza e forçar os colaboradores a melhorar diariamente. Mas a dinâmica de trabalho, quase sempre não linear, necessita da interferência dos gestores e impede ações mais rápidas.
Quando a metodologia é utilizada para redefinir este processo, ela permite a construção de um modus operandi contínuo, sem a necessidade de tantas interferências, interrupções no fluxo de trabalho ou bloqueios. A solução permite que as pessoas se tornem capacitadas dentro das equipas e se mantenham intrinsecamente motivadas a se ultrapassarem a si próprias diariamente.
5. Como aplicar a Gamificação?
A Gamificação tem objetivos diferentes dentro das organizações. Atualmente, a metodologia já é utilizada para produzir soluções para manter clientes, em atividades para envolver equipas internas e para substituir as formações tradicionais, reduzindo custos.
Os jogos também estão presente de forma ativa no processo de gestão da mudança dentro das empresas tradicionais que estão a passar pela Transformação Digital.
Desta forma, a implementação de jogos nos negócios pode ser a estratégia ideal para as empresas dispostas a inovar. Mas como implementar o processo?
Confira alguns passos para implementar a Gamificação nas empresas:
Detecte o problema e compreenda o contexto
Conheça os jogadores
Defina os critérios norteadores e a missão do jogo
Desenvolva ideias para o jogo
Depois de compreender o cenário, o traçar das características do jogador e a definição dos critérios orientadores e da missão do projeto, é tempo de criar ideias para determinar o formato do jogo. Cada jogo tem uma história. Os mais apaixonados por jogos eletrónicos recordarão as aventuras do canalizador Mário para salvar a princesa (Super Mário, Nintendo), da trajetória dos combatentes no Mortal Kombat para salvar a Terra (Jogos Midway) ou do herói cibernético Master Chief (Xbox, Microsoft). Estes são alguns exemplos lúdicos que o guião importa. E não é diferente no processo empresarial da Gamificação. Desta forma, para construir um guião atrativo para um jogo, são levantadas 3 questões básicas:
- Que história será contada usando as mecânicas dos jogos?
- Qual será o tema do jogo?
- Qual será a estética do jogo?
As sessões de brainstorming são uma ferramenta muito eficaz quando se trata de elaborar um guião de jogo compatível com a missão e a realidade da empresa. A técnica permite a criação de uma série de ideias, com a quantidade a prevalecer sobre a qualidade. Após as sessões, é possível avaliar e priorizar as melhores soluções, até se chegar a um formato de jogo que estimule os participantes e cumpra os objetivos definidos.